Cádiz, vários
O FIT de Cádiz tem a vocação de ser um ponto de encontro e, como tal, tem a oportunidade de se ressignificar no contexto atual, de ambos os lados do Atlântico, como mediador entre realidades e diversidades culturais tão complexas e díspares como as que se aglutinam sob o termo Ibero-América – essa construção cultural e política de que fazemos parte e que se enriquece tanto pelo que partilhamos como pelas nossas diferenças. A forte presença portuguesa na 38ª edição do festival reflecte-se nos seguintes projectos:
“Antiprincesas – Clarice Lispector”, de Cláudia Gaiolas | Castillo de Santa Catalina
Dado o estrondoso sucesso da peça do ano passado do mesmo ciclo, “Antipricesas – Frida Kahlo”, da criadora portuguesa Claudia Gaiolas, regressamos este ano com a biografia de outra mulher aguerrida que também desafiou os cânones e revolucionou o mundo através dos seus livros, a escritora de origem ucraniana, que cresceu e viveu no Brasil durante grande parte da sua vida, Clarice Linspector.
Com esta série de peças, Claudia Gaiolas pretende dar a conhecer às crianças modelos alternativos de mulheres, para além do estereótipo das princesas dos contos de fadas. Nas palavras de Claudia: “A evocação destas heroínas reais sublinha a evidência de que a vida não é um conto de fadas, que vale a pena enfrentar as dificuldades e lutar por aquilo em que acreditamos”.
Sábado 21 / 11:00h | Domingo 22 / 17:00h
“Así está el mundo (cuando despiertas)”, de Formiga Atómica | Central Lechera
Uma reflexão sobre até que ponto as nossas pequenas acções quotidianas têm um impacto no outro lado do mundo. “Así está el mundo”, põe em jogo as relações de causa e efeito entre pequenos gestos e grandes consequências, a forma como estamos todos interligados e como devemos cuidar de nós próprios e do planeta que habitamos.
Sábado 28 / 17:00h | Domingo 29 / 17:00h
“G.O.L.P.”, de Gonçalo Amorim e Alexis Moreno| Gran Teatro Falla
Uma comédia negra que apresenta uma ucronia (reconstrução histórica logicamente construída com base em possíveis eventos que não aconteceram na realidade), na qual uma delegação do governo chileno viaja a Portugal para tomar como exemplo e pedir ajuda para implementar, na América do Sul, um modelo comunista de governo desenvolvido em Portugal após a Revolução dos Cravos. O Chile, atormentado por constantes crises sociais e de identidade, recorre a este modelo fictício português para elaborar uma Constituição que possa trazer a Paz Social ao Chile. Uma comédia maluca feita de mãos dadas por duas companhias de teatro de ambos os países que reflecte sobre os significados ou a perda dos mesmos, sobre como conceitos como ditadura, revolução, paz ou liberdade são esvaziados de conteúdo e distorcidos em discursos políticos que apenas se preocupam com o sucesso nas urnas, com o progresso e o futuro sem pensar nas consequências dos seus actos, sem assumir a responsabilidade pelo passado ou apreciar os sacrifícios feitos na luta contra as ditaduras.
Sabado 28 / 20:30h